PC é um dos vilões da fadiga visual

Passar horas na frente do micro pode causar a Síndrome da Visão do Computador

Paulo Rebêlo – email
Folha de Pernambuco

Olhos vermelhos, vista cansada, irritação, ardor, imagens distorcidas. Problemas de visão relacionados ao uso prolongado do computador são comuns, principalmente em profissionais que dependem exclusivamente da máquina para trabalhar. É a chamada Síndrome da Visão de Computador – do inglês Computer Vision Syndrome (CVS). Em geral, os problemas não são muito sérios e, com um pouco de boa vontade, é possível manter o conforto e a saúde dos olhos. O entrave é a quantidade de horas em frente ao micro. O segredo é aprender a descansar em intervalos regulares e prestar atenção em fatores externos, como postura.

Os sintomas da Síndrome incluem coceira, olhos secos, irritados ou vermelhos, sensibilidade à luz, peso nas pálpebras e perda de foco. Os olhos não estão habituados a encarar uma tela durante horas seguidas. Para enxergar o que há no monitor, o olho passa por um processo de foco e re-foco contínuo, como um exercício muscular. Vários estudos mostram que as causas da CVS estão relacionadas a condições externas. Neste ponto, o ambiente de trabalho é o grande culpado. Fatores cruciais como a altura da mesa, a iluminação do ambiente e até mesmo sujeiras na tela, podem influenciar demais o conforto dos olhos – mesmo para quem usa óculos e está em dia com as visitas ao oculista.

Qualquer pessoa que use computador por pelo menos duas horas seguidas por dia, sem intervalos, corre o risco de sofrer dos males da síndrome. E se tiver problemas naturais de visão (miopia, astigmatismo etc.) e não usa óculos, é bom procurar logo um oftalmologista, pois a tendência é o agravamento destas doenças.

Cuidado com o brilho dos monitores –

A incidência de males causados pelo uso contínuo do computador tem crescido bastante. Para se ter uma idéia, de acordo com a American Optometric Association, quase 15% de todos os atendimentos oculares nos Estados Unidos são por causa da CVS. No Brasil, apesar de ainda não haver estatísticas oficiais mais concretas, os oculistas são unânimes ao mostrar preocupação sobre o aumento de casos do gênero.

Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, acaba de finalizar uma pesquisa em que acompanhou dois mil pacientes que usam computador de 12 a 14 horas por dia. O resultado é previsível: há uma relação direta entre o uso errado do PC e o aumento de dores de cabeça, olho seco e até de miopia entre crianças. “A radiação emitida pelo monitor, em si, não prejudica os olhos. Só que, com as horas seguidas de uso, a tendência é piscar menos. E piscar é fundamental, pois troca o filme lacrimal, que é uma película de lágrima que fica sobre a córnea, responsável pela manutenção da umidade e pela perfeição da superfície, indispensável para uma boa visão e defesa ocular”, ensina Queiroz Neto.

Outra recomendação dos oftalmologistas é o intervalo de 10 a 15 minutos a cada hora de trabalho. É o que tenta fazer o estagiário de Administração e Marketing da Meantime Games, Charlles Pinon, que há poucos meses começou a sofrer de fadiga visual e ainda não conseguiu reverter o quadro. “Trabalho o dia inteiro em frente ao computador e, quando chego em casa, preciso estudar com o PC de novo. Fica difícil descansar a vista”, reclama Pinon.

Quem usa óculos, deve procurar o oculista para que ele possa prescrever um tipo de lente adequado para uso durante as horas de trabalho. Uma boa pedida são as lentes anti-reflexo, que ajudam a dissipar a intensidade do brilho do monitor, principal responsável pela fadiga visual. “Uso essas lentes, o pessoal da ótica realmente fala que ajuda a amenizar os efeitos da exposição ao monitor”, retruca Pinon.

E por falar em brilho, engana-se quem compra aquelas telas de proteção para monitores. De acordo com Queiroz Neto, elas simplesmente não funcionam. “É uma ilusão. Elas apenas diminuem o brilho do monitor, mas isso pode ser feito pelo próprio usuário, nos botões de configurações de tela. Em monitores monocromáticos (preto e branco), as telas até ajudam; mas em coloridos, não adianta de nada,” rebate o especialista. Então, fica a dica: aumente o contraste do monitor e diminua o brilho.

Observe configuração da tela –

Além de intervalos para descanso, uma boa postura (veja arte acima) e lentes adequadas, os usuários de computador também precisam atentar à qualidade do monitor. Monitores antigos ou de baixa qualidade tendem a sofrer um tipo de interferência na tela que é quase um crime aos olhos: as listras que ficam passando de baixo para cima, também conhecidas como efeito de cascata invertida. Em casos assim, o monitor não deveria nem ser usado, pois o impacto à visão chega a ser perigoso.

Monitores de qualidade não devem sofrer esse tipo de interferência, a não ser em casos de ação externa. Como, por exemplo, aproximar o telefone celular da tela quando ele está tocando ou na hora de fazer uma ligação. O oftalmologista Queiroz Neto recomenda também o uso de freqüências altas. Para isso, basta ir nas configurações do monitor e aumentar a “taxa de atualização”. Deixe no máximo permitido pelo monitor, pois, quanto mais alta for a taxa, menos força você precisará fazer com os olhos para focar o que aparece na tela.

O engenheiro de sistemas, João Bosco Jr., chegou a passar mais de 12 horas grudado no computador, por causa de trabalho e faculdade. “Comecei a ter dores de cabeça fortes, o dia inteiro. Fiz um tratamento com a oftalmologista e, após algumas sessões, as dores desapareceram. Agora tento me cuidar,” explica. Segundo Queiroz Neto, os estudos mostram que o fundo de tela (background) que causa mais contração são os fundos de cores brancas e amarelas. Outra pedida é não usar resolução alta de monitor. “Uma tela de 15 polegadas deve ficar a 800×600, mais do que isso vai exigir um esforço dobrado dos olhos”, ensina Queiroz.

2 Comments PC é um dos vilões da fadiga visual

  1. Emilio

    Atualmente se fala muito bem dos monitores LCD, que fazem menos mal aos olhos e tal.
    É mentira! Usei por 3 dias um monitor LCD de 17 polegadas e tive dores horríveis nos olhos e de cabeça. Me deu até labirintite, enjôo, além de parecer que eu tinha tirado os dois olhos e batido muito nos dois para depois recoloca-los. Dores – estava muito dolorido mesmo!
    Só melhorou quando recoloquei meu monitor antigo de volta.
    E tem mais: a tela do LCD é muito clara e a imagem não fixa direito (as letras são menos definidas do que na antiga tela que é menos luminosa…).
    Tentei todas as regulagens possíveis – inutilmente.
    Perdi 400 reais e a esperança numa tela de nova tecnologia.

    1. Rebêlo

      Emilio,
      tudo bem?
      o problema não está no LCD, mas em monitores de baixa qualidade que algumas lojas vendem. Para você ter os benefícios (inclusive no descanso da visão), além de um monitor de boa qualidade, você precisa usar a conexão digital (DVI) do monitor, que nem todo mundo consegue usar porque não tem uma placa de vídeo compatível. Entre um LCD ruim e um CRT (quadrado) antigo mas de boa qualidade, certamente você faz bem em continuar usando o CRT. Abração.

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