Gratuitos e parecidos com o Office

Software livre – parte 2/3

Paulo Rebêlo
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Na última quarta-feira, a Folha começou a publicar uma série de matérias sobre as opções de softwares além do Windows. Depois do sistema operacional, a maior necessidade do usuário é um bom pacote de escritório para as tarefas cotidianas, em casa e no escritório. Quase todo mundo usa o Microsoft Office, em suas mais variadas versões e edições. No entanto, é bom saber que existem alternativas boas e de graça para download na Internet. Quatro se destacam: OpenOffice, EasyOffice, KOffice e StarOffice.

Instrutor de informática de um centro comunitário, Gaspar de Souza ensina gratuitamente em um laboratório com 14 computadores, todos rodando Linux, softwares livres e acesso rápido à Internet. “Usamos o OpenOffice e o KOffice, depende da aula, ambos são ótimos. As pessoas precisam se conscientizar que, com o Linux, copiar é legal. No sentido jurídico e funcional da palavra”, ironiza.

O administrador de sistemas, Francisco de Assis, é outro que incentiva o uso de software livre. “Apesar da relutância das pessoas em usar alternativas que não o Microsoft Office, com o tempo elas vêem que a compatibilidade é boa,” explica Assis, que trabalha no Núcleo de Tecnologia da Informação da UFPE. Ele realça que o OpenOffice foi criado para usar com formatos próprios, mas funciona sem maiores dores de cabeça para abrir arquivos da Microsoft. “Talvez ainda precise de alguns aprimoramentos para uso mais profissional, mas atende bem”, explica.

Usuários não conhecem todos os recursos

Institutos de pesquisas em software não cansam de publicar pesquisas eventuais sobre o que as pessoas realmente fazem no computador. O Microsoft Word é tido como o mais poderoso editor de textos no mercado, mas as estatísticas mostram que raríssimos são os usuários a usar sequer 10% do que o produto oferece. A maioria apenas digita textos simples, como artigos, currículos, cartas, memorandos e relatórios sem muita complexidade. Para tal, qualquer editor de textos serve, até mesmo o Wordpad, já incluso no Windows.

Se você não quer usar o Word mas, ao mesmo tempo, deseja ter funções extras dignas de um processador de textos poderoso, saiba que também há opções fora dos pacotes de escritório. A Folha testou dois programas que atendem os requisitos: Abiword e Atlantis Nova.

O primeiro é completamente gratuito e, se não fosse pela interface gigantesca (ícones grandes e feios), seria perfeito. O editor possui todas as funções básicas, incluindo contagem de palavras, corretor, tabelas, entre outras. E o melhor, consegue converter e abrir documentos de diversas plataformas, até mesmo da Microsoft. Com apenas 10 Mb, pode ser usado em um chaveiro de memória USB sem necessidade de instalação.

Até pouco tempo atrás, o Atlantis tinha duas versões: uma completa e paga; outra gratuita, com menos recursos. Em geral, a gratuita atendia a maioria dos usuários, com as funções básicas. Enquanto a completa era para os mais exigentes.

Hoje, o editor de textos possui apenas uma versão, shareware, que pode ser utilizada por 30 dias sem custos. De todos os programas de texto testados pela Folha, o Atlantis é o que mais se destacou. Leve, visual limpo, rápido e bastante funcional.

Escolha o pacote ideal

O OpenOffice é, sem dúvida, o mais popular dos quatro pacotes de escritório selecionados pela Folha. A começar porque ele é multiplataforma, ou seja, funciona no Linux e no Windows. Nasceu do desenvolvimento do StarOffice, que foi comprado pela Sun Microsystems. Hoje, o StarOffice é pago – bem mais barato do que o Office da Microsoft – e restou para o OpenOffice a posição de preencher a necessidade dos usuários que não querem ou não podem arcar com despesas extras.

O melhor do OpenOffice é a versatilidade. Em um arquivo de apenas 70 Mb, você desfruta de editor de textos, planilha eletrônica, apresentações e banco de dados. Para se ter uma idéia, a versão básica do Microsoft Office, com os mesmos programas, ocupa quase 500 Mb no computador. Vale lembrar que os documentos criados no pacote da Microsoft podem ser abertos no OpenOffice e vice-versa.

Em arquivos com muita formatação e firulas gráficas, a conversão pode não ser 100%, mas não compromete.

Por outro lado, o visual deixa a desejar. Quem está acostumado com os ícones coloridos da Microsoft, vai ficar um pouco frustrado. As telas do OpenOffice são bem mais simples. Outro fator negativo é a integração com o português do Brasil. O dicionário do Word já não é uma maravilha e do OpenOffice ainda é um pouco pior.

O KOffice, por outro lado, só funciona para usuários do ambiente KDE no Linux. Daí o “k” no nome. Quem usa Linux e quiser adotar, terá um ambiente tão ou mais poderoso do que o OpenOffice. O pacote inclui os mesmos programas básicos de escritório e outras ferramentas extras, como um programa para desenhar vetores, um editor gráfico cheio de recursos, um gerador de relatórios, entre outros.

Mais visual dos quatro, o EasyOffice está disponível em versões gratuitas e pagas. Basta arranhar um pouco no inglês para ver que não é preciso muito tempo para se habituar. Atende bem as atividades rotineiras de um usuário doméstico ou escritório básico, por exemplo, mas muita gente garante que é comparável ao Microsoft Office.

Também com os programas habituais, traz ainda assistentes e suporte multiusuário. O download da versão grátis é grande, 92 Mb, mas há vários programas do EasyOffice com versão em português do Brasil.

Única alternativa paga, o StarOffice atende as necessidades daquelas pessoas que preferem pagar pelo pacote e, assim, ter um suporte técnico mais personalizado. A Sun vende o StarOffice 7.0, que tem a mesma cara do OpenOffice.

No entanto, os corajosos podem fazer o download da versão beta (de testes) da 8.0, no site oficial, de graça. Não estão cobrando para usar a versão nova, ao menos enquanto o período de testes não acaba. Vale a dica.