Mudanças radicais na Microsoft

Neste exato momento, milhares de desenvolvedores e representantes das maiores empresas de tecnologia estão com os olhares voltados para a cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos, onde a Microsoft promove a Professional Developers Conference 2005 (PDC). O evento é anual e serve para mostrar aos programadores o futuro das tecnologias e dos softwares com a grife Bill Gates. Este ano, o suspense é realçado por dois motivos: o Windows Vista, o sucessor do XP, já antecipado e testado pela Folha em edições anteriores; e o cancelamento do PDC em 2004, deixando uma lacuna de dois anos. Durante o evento, a empresa revela e divulga, em tempo real, as garras para concorrer com o Google, o Firefox (concorrente do Internet Explorer) e o resto do mundo. Confira as principais novidades que vão começar a aparecer desde agora no seu computador: MSN Messenger 8.0, Office 2006, Start.com, Windows Vista “light”, Virtual Earth e Internet Explorer 7.

Paulo Rebêlo
Folha de Pernambuco, 14.setembro.2005

A Professional Developers Conference (PDC) atrai uma multidão todos os anos. Conferências de programadores e desenvolvedores são comuns, até mesmo no Brasil, com o diferencial de que a PDC é organizada pela Microsoft e, por conseguinte, influencia mais de 90% dos computadores domésticos usados no mundo e considerável fatia dos lucros das empresas de tecnologia da informação.

Com os ânimos acirrados por causa do próximo Windows, batizado de Windows Vista, a empresa de Bill Gates resolveu soltar uma nova versão beta (de testes), com ainda mais recursos do que o primeiro beta oficial, liberado mês passado e apresentado aos leitores da Folha em teste. Com o envelhecimento do XP logo dobrando a esquina, surgem outras novidades as quais os usuários podem começar a conferir de agora, enquanto a PDC segue até o dia 16 de setembro.

MSN deixa simplicidade de lado

Mal acabou de lançar a versão 7.5 do MSN Messenger, os desenvolvedores da Microsoft agora trabalham na próxima versão, prevista para chegar ao status de teste público até o final deste ano. A principal novidade é a integração quase total do mensageiro com o Windows, incluindo uma espécie de “mini” Windows Media Player. Para quem gosta de trocar arquivos pelo MSN, haverá o recurso de resumir um download interrompido por uma queda de conexão e a opção de obter detalhes da transferência (velocidade) em tempo real.

Quem se empolga com figuras e emoticons animados vai gostar de saber que arquivos GIF e JPG, ao que tudo indica, poderão ser embutidos no MSN para formar novos emoticons. Ou seja, dá até para usar o Photoshop para desenhar suas próprias animações, sem dificuldade, como se fosse uma imagem qualquer. A versão 8.0 também irá funcionar em telefones celulares habilitados – sem previsão para o Brasil – e contará com estações de rádio pré-definidas para o usuário. Por fim, os bate-papos poderão acontecer com várias interfaces com o uso de “skins”. Ainda não há versão beta disponível do Messenger 8.

Versão do Office para servidores

A 12ª versão do Office talvez seja a menos desenvolvida até agora. Conforme antecipado pela Folha em várias oportunidades, a integração com a Internet e com dispositivos móveis é a maior aposta da Microsoft para o pacote de escritório mais vendido no mundo. Hoje, empresas que usam o Microsoft Exchange já podem sincronizar os e-mails do Outlook na Web, lendo-os em qualquer lugar. O recurso ficará disponível para usuários domésticos também, com a nova versão do Outlook tendo uma interface online.

A Microsoft ainda não revela detalhes sobre eventuais planos de assinatura para usufruir do serviço, mas já garante que poderá cobrar por fora.

A maior polêmica sobre o Office 2006 é o formato dos arquivos. Desde a versão anterior (2003), a Microsoft optou por “abrir” um pouco o formato proprietário dos documentos, mas especialistas em segurança e tecnologia ainda criticam a empresa por não adotar um padrão realmente aberto, baseado em XML, de modo que qualquer sistema operacional pudesse ler os documentos criados no Office. Fora isso, poucas novidades são esperadas para usuários domésticos, além das costumeiras mudanças no visual. O trunfo será o uso do Office em servidores e corporações.

Revolução gráfica no Vista

Analisado em edições anteriores do caderno, o Windows Vista pretende substituir o XP em grande estilo. A começar pelo visual, embora seja necessário ter uma placa de vídeo poderosa a fim de poder desfrutar da interface tridimensional e do excesso de recursos em animações de janelas. Para se ter uma idéia, computadores com 512 Mb de RAM são o padrão mínimo para uma performance aceitável, sendo 1 Gb a quantidade recomendada.

A revolução gráfica do Vista tem como base o “Avalon”, uma nova arquitetura desenvolvida pela Microsoft que integra software (programas) e hardware. Ao mesmo tempo, o WinVi apresenta o “WinFX”, um conjunto de bibliotecas e interfaces de programação para todos os softwares que venham a ser desenvolvidos especificamente para o futuro Windows. Para os gamers, a novidade é o DirectX 10, biblioteca gráfica para acelerar os jogos, mas que não terá compatibilidade com edições anteriores do sistema operacional.

Internet Explorer mais pesado

Já apresentado pela Folha durante os testes do Windows Vista e de uma versão pré-beta do navegador, o novo Internet Explorer acaba de ganhar uma nova versão de testes. Quem diria, a Microsoft seguiu os passos do concorrente Firefox e, na prática, transformou o IE numa espécie de Firefox híbrido. Os recursos mais pedidos da raposa estão lá: navegação por abas (vários sites dentro de uma mesma janela), bloqueador de pop-up otimizado e recursos de segurança anti-phishing (contra sites pilantras que roubam senhas).

O resultado de tanta novidade é que, além de só funcionar no Windows XP, o IE7 ficou bem mais pesado do que a edição anterior. Até o lançamento da versão final, espera-se que o problema seja resolvido, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Em nota oficial durante o PDC, a empresa mostrou que os planos é ter uma versão final do IE7 apenas em 2006.

Novo Win pode ser antecipado

Enquanto rondam boatos sobre o eventual lançamento do Vista em 2006, a Microsoft garante que dará continuidade à política de versões reduzidas do sistema operacional, disponíveis exclusivamente para países subdesenvolvidos (ou “emergentes” no dicionário politicamente correto) onde a pirataria ultrapassa limites concebíveis pelos padrões internacionais. Brasil incluso, evidentemente. Uma versão inicial do Vista será similar ao atual Windows XP Starter Edition, que não é vendido separadamente, mas apenas pré-instalado em computadores.

O Vista light seguirá as mesmas restrições do XP Starter: o usuário pode usar somente três programas ao mesmo tempo, há um limite de janelas a serem abertas e um referencial máximo para o hardware. No caso do XP Starter, o sistema reconhece somente até 256 Mb de RAM, ignorando todo o resto de memória que esteja eventualmente disponível na máquina. No caso do Vista, a Microsoft ainda não confirma, mas subentende-se que este limite seja de 512 Mb. Na categoria para usuários domésticos, são quatro versões previstas: Vista Starter Edition, Vista Home Basic Edition, Vista Home Premium Edition e Vista Ultimate Edition. Para empresas, haverá Vista Small Business Edition, Vista Professional Edition e Vista Enterprise Edition. Uma verdadeira salada vista.

Start.com como porta de entrada

Entre os chamados projetos experimentais da Microsoft, vale a pena conferir o site Start.com. Atualmente em sua terceira versão, a idéia por trás da página é ser uma porta de entrada para os internautas, o primeiro site a aparecer quando o navegador é carregado. Contrariando as expectativas, o Start.com funciona em qualquer navegador e tem uma interface simples e limpa. A idéia é bater de frente com um projeto parecido, ainda pouco divulgado, chamado Google IG.

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