Conheça o Windows XP 64-bit

Agora em abril, a Microsoft vai mudar um paradigma da informática com o lançamento da versão 64-bit do Windows XP. A plataforma entra no lugar do padrão 32-bit, que teve início com o lançamento do Windows 95 e, ao que tudo indica, ainda irá levar um certo tempo para cair em desuso. Por enquanto, sobram especulações sobre o XP 64-bit (XP64), mas a médio prazo há um leque de possibilidades em jogos, programas e segurança. A Folha testou a última versão de testes do XP64, antes do lançamento oficial, antecipando o que vai mudar a partir de abril. Isto é, se a Microsoft não atrasar o cronograma mais uma vez.

Paulo Rebêlo
Folha de Pernambuco

Engana-se quem acha ser necessário correr até a loja mais próxima e atualizar o computador para entrar no mundo 64-bit. É verdade que XP64 só roda em processadores com suporte à nova plataforma, mas pouquíssimos usuários vão se beneficiar de um upgrade agora ou a médio prazo. O motivo é simples: o sistema operacional é 64-bit, mas os softwares disponíveis no mercado ainda não são.

A Microsoft testa o XP64, internamente, há dois anos. E um processador para usuário doméstico já existe desde o final de 2003, comercializado pela AMD (Athlon64). Entretanto, quase nada tem sido discutido sobre jogos e programas para desfrutar, de verdade, do poder de processamento dessas máquinas. O XP64 roda a maioria dos aplicativos atuais, a começar pelo pacote Office, programinhas para Internet e jogos, simulando um ambiente 32-bit sem perder velocidade.

No quesito visual, não há o que comentar. É igual ao Windows XP de hoje, com apenas uma ou outra singela modificação. Na performance, também é basicamente igual. Para instalar, você vai precisar de um processador Athlon64 vendido há tempos nas lojas do Recife ou de Pentium IV com suporte 64-bit, praticamente impossível de encontrar na cidade. Outra opção é procurar pelo Xeon, também da Intel, voltado a servidores e estações de trabalho. Ao usar o sistema operacional, cai por terra o maior mito sobre 64-bit: o de ser mais rápido do que os sistemas atuais que a gente usa em casa e no trabalho. No teste, vimos que isso não é verdade.

O ganho de velocidade é imperceptível e há uma série de fatores envolvidos. Até porque o trunfo de um computador rodando a 64-bit não é a rapidez, mas o volume de dados e memória que podem ser processados ao mesmo tempo. De acordo com o especialista em Windows, Paul Thurrott, com 64-bit você gerencia um fluxo de arquivos e memória bem maior. Situação ideal para se trabalhar com banco de dados e planilhas bem grandes, além de servidores. Evidente que o usuário final, especialmente aquele ávido por novidades, também vai querer aproveitar. Afinal, é uma tecnologia melhor a substituir outra.

A quantidade de memória RAM é um fator-chave para o XP64. Com os computadores atuais 32-bit, o sistema não reconhece mais do que 4 Gb de RAM. Agora, o Windows agüenta o tranco de até 32 Gb de RAM e, de acordo com as promessas da Microsoft, a versão final poderá gerenciar até 128 Gb. Para o usuário final, o limite de 4 Gb de RAM parece uma situação impossível de acontecer, mas para servidores, não. Porque o volume de dados e de RAM é um requisito essencial às empresas, cujas necessidades consistem em trabalhar com documentos gigantescos ou com operações intensas de disco.

Falhas precisam ser solucionadas —

A Microsoft faz os últimos ajustes para lançar o XP64 ainda em abril e, enquanto isso, prepara versões de testes do Longhorn, sistema operacional que irá substituir a saga do XP não antes do final de 2006. De acordo com Paul Thurrott, o Longhorn terá um uso bem mais direcionado aos usuários domésticos em 64-bit, transformando o XP64 de hoje quase numa prévia do que está por vir. Uma espécie de “adaptação forçada” para que desenvolvedores de jogos e softwares comecem a produzir especificamente para a plataforma. É como uma antecipação da morte anunciada do 32-bit.

Para se ter uma idéia da confusão, o XP64 vem com duas versões do Internet Explorer: uma 32-bit e outra 64-bit. A primeira é a mesma que as pessoas usam hoje em dia, enquanto a segunda é igualzinha, porém, não tem suporte para adicionais (plug-ins) ou recursos extras disponíveis na Rede para acoplar ao IE. Por exemplo, a barra de ferramentas do Google (Google Toolbar) e do ICQ são ferramentas 32-bit, então só funcionam no IE 32-bit. Para quem não usa nenhum adicional, até vale a pena usar o IE de 64-bit, mas a performance será notadamente a mesma.

Em tese, 64-bit deveria proporcionar mais segurança. Na prática, quem instalar o XP64 vai ficar suscetível a vírus. Os antivírus do mercado simplesmente não funcionam neste Windows. As fabricantes prometem versões adaptadas/atualizadas até o lançamento oficial do XP64, porque será preciso mudar a forma como o antivírus “enxerga” o sistema operacional.

Outro grave problema são os “drivers” – instruções para que o sistema operacional reconheça as placas do computador, como as de vídeo e de som.

Para fazer uso dos recursos mais avançados, as fabricantes das placas trabalham em constante atualização dos drivers, liberados para download gratuito na Internet. No caso da placa de vídeo, drivers novos chegam a melhorar a performance em jogos e resolver problemas de compatibilidade. Com o XP64, o usuário fica preso aos drivers embutidos do Windows, pois não é possível instalar as versões atuais nesta edição do XP. É preciso esperar até resolverem escrever drivers direcionados à plataforma – algo que ainda não ocorreu no mundo Windows – mas apenas no universo Linux, que trabalha com 64-bit há mais tempo.

Fabricantes famosas, como ATI e NVidia, já possuem drivers em versões de testes (beta) para download, mas recomendam que o usuário use por risco próprio. Ambas não confirmam se até o final de abril haverá um driver em versão final e garantida para o XP64. Então, o jeito é esperar.

O processamento 64-bit incide em ganhos de resoluções gráficas (qualidade da imagem visível na tela) maiores do que as atuais. No caso de resoluções maiores de imagem, é o sinal verde para o desenvolvimento de uma nova geração de jogos ainda mais realistas e bonitos. O problema é que até agora ninguém fala sobre programas ou jogos 64-bit e, de acordo com analistas da indústria nos Estados Unidos, quem for apressadinho vai terminar gastando dinheiro à toa, fazendo upgrade no computador.

Popularização vai demorar —

O futuro do 64-bit ainda não é agora, mas é tido como certo a médio prazo. Quando as desenvolvedoras mais conhecidas, como Adobe, Corel e a própria Microsoft, colocarem no mercado programas escritos especificamente para o XP64, os usuários poderão começar a notar a diferença. E o mesmo vale para as produtoras de jogos. Algumas já se pronunciaram, mas nada concreto até agora. A Epic Games, por exemplo, promete uma versão de testes, desde o ano passado, do Unreal Tournament 2004 64-bit.

O mundo 64-bit é novidade apenas para usuários domésticos, grande parte por conta do lançamento, em setembro de 2003, do primeiro processador da AMD voltado ao usuário final. Até a chegada do XP64, o Athlon64 era apenas um elefante branco perdido em uma floresta desconhecida. Trata-se de um processador poderoso e rápido, concorrente direto do Pentium IV, mas sem nenhuma funcionalidade de 64-bit, já que não rodava em um sistema operacional apropriado. Agora, isso mudou.

As tentativas anteriores foram frustradas. A Intel vendia o processador Itanium e a AMD respondia com o Opteron, ambos 64-bit, mas com um grave problema: não eram compatíveis com a plataforma 32-bit, ou seja, não funcionavam com sistemas operacionais e softwares antigos. No caso da Intel, somente a partir de fevereiro deste ano é que a empresa começou a vender as versões do Pentium IV com suporte às instruções 64-bit (EMT64).

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