Invenções do novo milênio – I

Paulo Rebêlo // dezembro.2000

Todo ano a humanidade se depara com uma avalanche de invenções. Algumas inusitadas, outras ridículas. Como 2001 é
o novo milênio, esperamos que de forma paulatina a ciência olhe com mais atenção à plebe que não tem condições de gastar fortunas para comprar as novidades tecnológicas lançadas no mercado. Entre invenções inusitadas e ridículas, às vezes termina saindo algo útil e acessível à massa da sociedade. Leia-se: a ralé, nós. Assim, podemos imaginar inventos excelentes que seriam muito bem-vindos.


A ciência poderia começar com a complicada área dos relacionamentos entre seres humanos do sexo oposto. Por sinal,
uma área bastante polêmica para a ciência, já que pretende desenvolver produtos e soluções em um setor que, dizem, nem
Deus entende.

PARA AS MULHERES – Por mais que os homens tentem, as mulheres não cansam de reclamar quando conseguimos errar o gigantesco alvo da privada na hora de fazer xixi e, pior ainda, quando esquecemos de baixar a tampa. Elas não entendem que nem sempre é tecnicamente fácil mirar direito ali naquele vão, principalmente na hora do rush mictorial ou quando o nível etílico no sangue está um pouco acima do normal.

Doravante a ciência haverá de levar em consideração a asseada e angustiante revolta feminina e irá lançar no mercado as privadas inteligentes, que serão automáticas e dotadas de um mecanismo tecnologicamente simples e tecnicamente viável.
As privadas high-tech possuem minúsculos poros na tampa e na região onde as pessoas sentam para fazer caquinha.

Possuem também um mecanismo eletrônico que interliga a descarga com a tampa e a privada como um todo. Por dentro da privada, há um avançado sistema de sucção que funciona em conjunto com um sensor tradicional utilizado desde o século passado. O funcionamento, de fácil compreensão até mesmo para os homens, se dá a partir do momento em que o sensor da privada detecta que a pessoa (homem) atingiu uma distância segura fora do ambiente mijatório, o que geralmente significa que o indivíduo abandonou o recinto.

A partir daí, acontece uma ainda mais simples reação em cadeia, em três passos mais simples ainda. Primeiro: o sistema de sucção é ativado e qualquer resíduo (líquido) sobre a privada é sugado através dos milhares de minúsculos poros. Parece com a descarga de avião, para quem conhece.

Limpo e eficiente; segundo: após feita a sucção, o sistema envia um código para a tampa da privada que, também dotada de poros e também através deles, jogará uma corrente de ar contra a parede do banheiro que, por conseguinte, fará com que a tampa volte ao seu devido lugar; terceiro, o sistema desativa as funções dos poros e do ar, tanto para a sucção como para o “empurrão”, e direciona toda a energia das baterias para a descarga, que será acionada automaticamente.

A privada inteligente será comercialmente viável graças ao revolucionário Anus (Aparato Nuançado Ultra-Seco)
incorporado à porosidade da tampa e do assento.

Será o fim das discussões nas madrugadas quando as mulheres vão ao banheiro e se deparam com a porcaria com que deixamos nossas atuais privadas tecnologicamente ultrapassadas. O único desafio da ciência será inventar uma privada ultra-aderente que diminua o barulho na hora em que a corrente de ar empurre a tampa para baixo…

Na próxima coluna, você conhecerá a invenção desejada pelos homens. Aguarde.