Substitutos radicaliza conceito do Second Life para a ficção científica

Paulo Rebêlo
Pipoca Moderna | 22.out.2009

Filmes de ficção científica raramente têm meio termo – ou são bons ou são ruins – porque, via de regra, o público-alvo costuma ser bem mais exigente e antenado do que em outros gêneros. “Substitutos” é uma das exceções à regra: um completo meio termo. Talvez pela presença de Bruce Willis fazendo o mesmo papel de sempre – e que sempre agrada aos fãs.

“Substitutos” parte de uma premissa muito interessante. No futuro, não vamos precisar ir às ruas para fazer nada, pois poderemos controlar robôs de nós mesmos para realizar todo o tipo de atividade apenas com o pensamento, enquanto ficamos plugados em uma estação dentro de casa. Uma espécie de “Second Life”, só que na vida real.

É óbvio que alguma coisa vai dar errado – o trailer faz questão de mostrar isso logo de cara – e o mundo precisará de um policial destemido para consertá-lo. Assim, “Substitutos” logo começa a parecer uma mistura endiabrada de “Eu, Robô” com “Exterminador do Futuro 3″ – o diretor Jonathan Mostow e os roteiristas Michael Ferris e John Brancato são os mesmos de “Exterminador 3″ – e claro que isso não pode ser realmente bom.

Há diversas nuances que poderiam ser muito bem exploradas, mas estamos falando de um filme com apenas 88 minutos de duração, embora na prática seja um pouco menos porque os créditos passam nessa conta.

Os dez minutos finais deixam claro que faltou tempero, faltou levantar questões maiores e tudo foi resumido e fechado repentinamente. Os efeitos especiais não impressionam, são apenas normais levando em consideração as duas comparações (“Eu, Robô” e “Exterminador 3”) de anos bem anteriores.

O curioso é que os fãs de ficção científica estão ajudando a responder várias dúvidas não-explicadas pelo filme (porque não dá tempo) nos fóruns online. Parte das explicações estão nos quadrinhos em que o filme foi baseado – a graphic novel “Surrogates” é muito mais sombria. Há até quem peça continuações. Mas, no mundo real, a fraca arrecadação da produção também torna isso pura ficção científica