Tendência Web 2.0: microblogging permite posts em poucas linhas

Paulo Rebêlo
Universo Online | Tecnologia
link original | 21.maio.2008

Cansado de trabalhar tanto e não ter mais tempo para atualizar o seu blog? De não ter mais assunto para longos posts, a partir dos quais você discutia com outros blogueiros sobre os mais variados temas? Então seja bem-vindo ao mundo do microblogging e faça parte de um novo recurso genuinamente Web 2.0 que está agregando milhares de pessoas a cada dia.


Como o nome já insinua, o microblogging é a arte de blogar em versão “micro”, ou seja, em pequenas dosagens. Não são pequenos posts, mas minúsculas entradas de texto que não ultrapassam três linhas, a uma média de 120 a 180 caracteres por cada atualização. Outro termo bastante utilizado para o recurso é de moblogging – de ‘mobile blogging’, diante da possibilidade de atualizar/enviar as notas pelo celular.

E qual o sentido de usar tão pouco espaço? Vários. Para muita gente que cansou do excesso de popularização dos blogs, o microblogging pode se tornar uma espécie de retorno ao mundo digital dos diários virtuais, agora em doses homeopáticas.

Posts fáceis – A facilidade de uso também é outro ponto forte, sobretudo para quem não dispõe de tanto tempo para procurar firulas e incrementar o blog. Em tempos de internet móvel no telefone celular, smartphones e planos de transferência de dados para acessórios diversos, o microblogging também é um divertimento e tanto enquanto o microblogueiro está no metrô, na fila do banco ou esperando a comida em um restaurante. Afinal, com as facilidades da digitação T9 qualquer um consegue escrever duas ou três linhas rapidinho, mesmo com aquele teclado pequeno do telefone.

Microblogs de cunho pessoal – Apesar de contar com os mais variados usos, a maior parcela de utilização do microblogging continua a ser no segmento de blogs pessoais. Basicamente, contar para o mundo – ou para um grupo restrito de pessoas – o que você está fazendo atualmente, qual sua opinião imediata sobre um assunto em pauta e assim por diante.

A estrutura das páginas de microblogging é similar à de um blog, com menos detalhes. A cada atualização, o texto novo fica como o primeiro da fila e os anteriores podem ser acessados, além de divididos em grupos ou por temas. Os templates e desenhos da página, porém, têm bem menos flexibilidade do que um blog. Mas a idéia é justamente esta: menos texto, mais interação.

Fácil, mas ainda não teve “boom” no país

O Twitter e o Jaiku são as duas ferramentas mais conhecidas de microblogging. A primeira, inclusive, já se tornou tão popular a ponto de virar sinônimo de microblogging. Contudo, o poder de fogo do Twitter está ameaçado. O Jaiku está se juntando oficialmente ao quadro de ferramentas do Google, que o adquiriu em outubro do ano passado.

No quesito mobilidade e acessibilidade, o Jaiku é mais amigável — principalmente para os donos de aparelhos Nokia. Por este link você pode facilmente baixar a versão móvel e utilizá-la até mesmo em aparelhos da segunda geração, mais antigos. Nesse caso, trata-se de uma ferramenta específica para os modelos da Nokia, mas outros aparelhos não ficam de fora, podendo usar um “widget” específico ou até mesmo SMS (mensagens curtas de texto) para atualizar o seu Jaiku.

O mesmo vale para o Twitter, que pode ser atualizado via SMS e por programas de mensagens instantâneas. Contudo, para postar via SMS no Brasil o usuário tem de pagar taxa internacional para cada mensagem curta enviada.

Twitter e Jaiku: ascensão – Ambas as opções foram lançadas em 2006 e foram, gradativamente, ganhando fãs mundo afora. Desde o ano passado, o Twitter tem sido usado das mais variadas formas em empresas de tecnologia, universidades, agências de notícias e até mesmo em campanhas políticas nos Estados Unidos. No Brasil, o fenômeno vem crescendo, mas ainda a passos curtos. Afinal, os blogs continuam com bastante popularidade por aqui. É só uma questão de tempo.

A geografia é outro fator crucial para os microblogueiros. Cada usuário precisa cadastrar a cidade e o país de origem. Como os textos são curtos, fica fácil pessoas de uma mesma cidade começaram e ter uma rápida “conversa” e até mesmo marcarem encontros para um café ou uma pizza. Há ferramentas na internet com essa finalidade específica, ou seja, agregar usuários de um mesmo raio geográfico.

Um site bem interessante para entender a noção de proximidade pelo microblogging é o Twittearth. Mesmo sem se cadastrar, é uma tentação ficar olhando o “planeta” girar e o pessoal conversando entre si ou, simplesmente, microblogando idéias.

Microblogueiros no Brasil vão de iniciantes a dinossauros da blogosfera

Para traçar um perfil (ainda que tímido) do microblogging no país, vale a pena visitar o ranking da “twittosfera” brasileira criada pelo blogueiro Cristiano Dias. É interessante notar, porém, que a maioria dos 20 participantes no ranking são profissionais bastante antenados no mundo da tecnologia e que vêm de longe, desde as primeiras novidades na internet.

Um deles é o publicitário Guilherme Loureiro. Dinossauro da internet desde 1995, ele nunca viu muito sentido no Twitter, ferramenta que conheceu quando sua esposa criou uma conta para falar do dia-a-dia dela. Achou a proposta ruim e desistiu de microblogging, mantendo outro blog, mais antigo, sobre games.

“Mas o meu sonho era falar no blog sobre tudo que eu curto, como quadrinhos, games, cinema e jogos de RPG”, explica. “Criar um blog para cada uma dessas coisas seria muito trabalhoso, tanto para escrever, quanto para criar de fato e aí eu vi no Twitter uma solução para isso”. Segundo Loureiro, o fato de poder lançar notícias ou coisas interessantes foi o que o fez adotar o serviço.

Uma das exceções no ranking é o carioca Kleverson Neves, que além de marinheiro de primeira viagem nas maravilhas da internet, não tem computador em casa e precisa atualizar seu twitter de lan houses.

Marinheiro de primeira viagem – Grande entusiasta do Twitter, Neves é cético sobre o futuro do microblogging no Brasil. “Apesar de o Brasil continuar sendo campeão em acesso residencial de internet, muitos jovens se limitam à tríade Orkut, MSN e sala de bate-papo, razão pela qual não vejo muito futuro para os sites de microblog no Brasil”, pontua.

Segundo ele, que há quatro anos teve seu primeiro contato com internet, seu primeiro post no Twitter aconteceu em 2007, quando descobriu o serviço por acaso. Hoje, com um dos twitters mais acessados do Brasil e sempre ávido por novidades, Neves percebe uma curiosidade: a ferramenta é popular entre os orientais. “A maioria dos microblogs é de asiáticos”, diz. “Deve ser porque eles conseguem ser bem sucintos”, opina.

Neves lista os serviços brasileiros Gozub e Telog como “tradicionais” e dá dicas de outras plataformas para microblogging. “O Meetango é em inglês, mas criado pela equipe do Gozub, já o Qfilme é direcionado para comentários de cinema, DVD e filmes em geral” explica. “O Twitter e os clones que existem hoje mudaram a cara da blogosfera”.