Telefonia brasileira, os custos mais altos do mundo

Quer dizer que a Telefônica irá amargar um prejuízo de R$ 24 milhões, por conta de um desconto aos assinantes em razão daquela pane em São Paulo? A informação consta no balanço semestral e foi reproduzida pelos jornais. Os clientes receberão abatimento equivalente a cinco dias de serviço.

Puro marketing.

Embora apresente lucro 6% inferior ao do primeiro semestre de 2007, os R$ 24 milhões de prejú não soam nada mal para quem teve um lucro líquido de R$ 1,12 bilhão somente neste primeiro semestre de 2008. Também de acordo com o balanço oficial.

Se vamos ter desconto por panes e serviços prestados horrivelmente, é bom começar a calcular a fatura dos últimos dez anos de telecomunicações no Brasil.

Quero saber quando vamos ter o reembolso pelas incontáveis e inexplicáveis quedas de conexão, durante horas, dos serviços de banda larga. Não apenas da Telefônica, mas também – e talvez principalmente – da Telemar. Ou seria Oi?

Não, agora deve ser Oi-Telemar. Muita gente adoraria dizer Tchau, Telemar. Mas, não pode. Claro que não pode. Vai para onde?

Quando teremos o reembolso pelas mensalidades exorbitantes, com valores diferenciados e superfaturados em diferentes Estados brasileiros?

Também quero minha bufunfa retroativa por pagar uma velocidade de conexão e, na prática e vida real, ter metade dela.

Aceito, de igual modo, uma compensação financeira pelo dano moral e psicológico de ver meu vizinho, que além de uma esposa bonita e que sabe cozinhar, tem conexão de 4 Mb enquanto eu, logo aqui ao lado e com fome (favor imaginar aspas), não posso. Nem pagando. Nem implorando.

Olhando pelo lado positivo, já foi pior. Quando a 10 metros de casa todos na rua tinham banda larga e o careca aqui, cruzado uma esquina e uma pracinha, ligava todos os dias à operadora para questionar igualzinho a uma criança pequena: por que eles podem e eu não? Se eles podem, também posso.

Uma compensação financeira por este trauma é, no mínimo, recomendável.

Se não tem concorrência, então a solução é apelar às cabeças pensantes do governo e criar uma super-tele (sena?) ilegal e imoral, a Brasil Telecom-Oi. E agora, será BrOi-Telemar? Tanto faz. Nome-fantasia, nome de registro, nome popular, o resultado converge na mesma direção.

A compra da Brasil Telecom pela Oi é uma operação viciada, a exemplo da própria privatização da Telebrás em 1998. Curioso é que, com toda a mídia enaltecendo os benefícios da negociata até os dias de hoje, poucos lembram que o consumidor brasileiro arca com custos entre os mais altos do mundo em telecomunicações.

Neste mês de julho (dia 29), aliás, completa dez anos da transferência do monopólio estatal para o monopólio estadual privado. Agora dizem que uma super-tele nacional irá trazer de volta a soberania nacional. Claro, só vai faltar concorrentes.

Podem entrar, estão todos em casa.

Mãe Joana os aguarda. [Webinsider]